Alessandra Trota, Designer de Interiores

A CASA DA PRÓXIMA DÉCADA POR JULIANA BIANCHI

Um texto para quem esta cursando, ja cursou, ou vai cursar Projeto
Residencial

A casa da próxima década  (texto retirado do site IG , por Juliana Bianchi)


O bom momento da economia e as mudanças no cotidiano do brasileiro são os
principais fatores que influenciarão na forma de morar nos próximos anos.
Com a necessidade básica de moradia atendida, muitas vezes facilitadas por
planos de financiamento promovidos pelo governo como o Minha Casa Minha
Vida, as classes C e B começam a buscar produtos de maior valor agregado.
"Com a economia estável e a segurança de emprego, as pessoas se sentem mais
à vontade para contrair dívidas e melhorar seu padrão de moradia", afirma
Romero Busarello, diretor de marketing da Tecnisa.

É essa segurança e aposta no futuro que tem, segundo Busarello, jogado o
preço dos imóveis a patamares irracionais. "É a cultura do 'dane-se', 'eu
posso me dar'." Movimento que ganha ainda mais força nas classes A e B, nas
quais a casa própria já deixou de ser o grande sonho de consumo e o imóvel
novo é visto como oportunidade de investimento ou elemento agregador de
status e qualidade de vida.

"A partir do momento que as pessoas passaram a ficar mais em casa e reunir
os amigos ali, esse espaço passou a ser um elemento de valorização social,
de demarcação de estilo de vida", afirmou Maria Aparecida Toledo,
sócia-diretora de planejamento da Toledo Associados Pesquisa de Mercado.

É de olho nessas novas necessidades que as construtoras começam a antever
mudanças nas plantas residenciais. "Se o carro da classe média é um Tucson
(da Hyundai), não podemos continuar a projetar vagas de garagem para carros
de médio porte", diz Busarello. "Se a internet sem fio e o lap top
possibilitaram ter mobilidade na hora de trabalhar, para que reservar um
espaço só para isso em casa?", completa o executivo, decretando o fim dos
home-offices como áreas delimitadas.

Outra área conhecida, que tende a desaparecer aos pouco das plantas é a
sala de jantar. Símbolo de status, ritualização da refeição e hierarquia
familiar, com suas mesas imponentes com lugares marcados, elas perdem
significado numa sociedade que valoriza a confraternização ao redor do
fogão e a informalidade à mesa. "A área antes reservada à sala de jantar
deve se incorporar à cozinha criando grandes espaços gourmet", explica
Maria Aparecida.

Com isso, surge outra tendência, a da criação de duas sacadas principais:
uma voltada aos festins em torno da churrasqueira, do forno de pizza e do
fogão - fazendo as vezes de quintal - e outra dedicada ao estar, onde a
vista e o conforto são primordiais. "As mulheres não querem ver seus sofás
sujos com mãos de carvão ou gordura. Separar essas duas áreas é fundamental
para evitar futuros desentendimentos entre o casal", completa a
pesquisadora.

Pelo mesmo motivo prático deve se fortalecer também a criação de dois
banheiros na suíte do casal: um para ele e outro para ela. Sendo um deles
maior e mais cuidado, com banheira, ofurô, sauna e outros pequenos luxos
que dão novo significado à hora do banho.

Isso sem falar das plantas abertas e das inúmeras possibilidades de
personalização do imóvel, facilidades praticamente obrigatórias daqui em
diante.

Vivenciando um raro momento de segurança financeira e prosperidade, o
brasileiro passou a valorizar o conforto e o prazer estético em casa. Isso
estimulado, ainda mais, pelo surgimento de programas televisivos como "Lar
Doce Lar", de Luciano Huck, e "Sonhar Mais um Sonho", de Gugu Liberato, que
fazem reformas completas e apresentam soluções criativas para a casa dos
telespectadores contemplados.

"Nos últimos anos houve uma verticalização do design e da decoração. Hoje,
eles estão, de certa forma, mais acessíveis a todas as classes sociais",
afirma Maria Aparecida. "As pessoas passaram a decorar mais do que
mobiliar. Tanto que, em apartamentos de até R$ 100 mil, é comum encontrar
pelo menos um ambiente decorado ou planejado", completa.

Mas isso também poderá mudar, segundo especialistas da empresa de pesquisa
e tendências WGSM. De acordo com as últimas análises apresentadas no Brasil
em junho, a próxima década reserva uma "verdadeira revolução nos lares",
com a redução do número de móveis para dar espaço a peças multifuncionais,
a valorização das áreas livres e o aumento no número de produtos ligados à
internet, sem necessidade de fios ou controles remotos.

Na decoração, peças absurdas e surreais estarão constantemente combinadas a
clássicos, trazendo um toque de divertimento aos ambientes. Formas
arredondadas, tecidos que valorizam o movimento, efeitos ópticos e
materiais nobres que imitarão outros de menor valor - o chamado real
falsificado, como couro que parece plástico ou fibras naturais que lembram
algodão - também estarão em alta.

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