Alessandra Trota, Designer de Interiores

HÁ 50 ANOS, POLTRONA MOLE SE CONSAGRAVA



O ano era 1961. Na cidade italiana de Cantù, importante centro moveleiro da época, a poltrona Mole, do carioca Sergio Rodrigues, conquistava o grande prêmio no 4º Concurso Internacional do Móvel.


O reconhecimento, segundo o júri do concurso – do qual faziam parte nomes de peso como o dinamarquês Arne Jacobsen –, devia-se ao fato de aquela peça ser a única “não influenciada por modismos e absolutamente representativa da região de origem”. Foi graças à sua originalidade que a Mole superou 438 candidatos de 27 países e ganhou destaque no cenário internacional como um ícone do design brasileiro.
Mas sua história começa alguns anos antes, em 1957, quando o fotógrafo Otto Stupakoff encomenda a Sergio Rodrigues um sofá “esparramado” para seu estúdio. O tal sofá, então batizado de Mole, já carregava as características que trariam fama à poltrona: uma estrutura robusta de madeira torneada que recebia percintas independentes de couro sola (fixadas com botões que permitiam regular seu comprimento), sobre as quais era displicentemente jogado – pelo menos assim parecia – um generoso almofadão em forma de gomos. Dali para a poltrona, foi um pulo.
No início, a peça não foi bem-recebida. “Eu tinha acabado de criar a loja Oca quando fiz a poltrona Mole, e ela só foi vendida depois de um ano na vitrine”, revela o designer. Sua constituição robusta, afinal, ia contra o padrão estético vigente, o dos pés palito. Foi somente após o prêmio em Cantù que a poltrona ganhou espaço no mercado: rebatizada de Sheriff, passou a ser fabricada por uma empresa italiana e exportada para diversos países. Hoje, voltou a ser produzida em nosso país, com seu nome original, e continua a ser um sucesso de vendas.
Se há 50 anos foi preciso um prêmio estrangeiro para transformá-la em ícone do design brasileiro, hoje é fácil perceber que a poltrona Mole, com sua informalidade amigável, também representa fielmente o jeito carioca de ser. (WINNIE BASTIAN)













 

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